Entrevistando o autor - M. M. César Gonçalves

Sobre o autor:
   M. M. César Gonçalves
   Manoel César é brasileiro, baiano, nascido na cidade de Potiraguá, no ano de 1967. É divorciado e graduado em Letras pela Universidade Federal de Uberlândia/MG.
   Mora atualmente em Araraquara, no Estado de São Paulo e trabalha como servidor público estadual.


Autor de: Prisioneiros na Lenda
Data de publicação: Janeiro de 2015
Número de páginas: 424
Genero: Ficção 
Editora: Chiado

Sinopse:

   Ela acreditou que fosse apenas um passeio de férias com a família, mas ao chegar àquela Ilha misteriosa, Mariana é atacada por uma inexplicável angústia que aflige sua alma juvenil e a impulsiona em direção ao perigo, indo ficar na mira de homens perigosos e dispostos a matar.
   Entre ataques e livramentos, ela conhece Rafael – um garoto nativo - que também luta pela própria sobrevivência. Juntos, eles descobrirão que fugir não basta. É preciso enfrentar o perigo, mesmo desconhecendo os desafios que o futuro reservou-lhes.
Eles encontrarão a ajuda de que precisam para escapar de uma tragédia anunciada? Ou todos estão ali apenas para cumprir o que o imutável destino já determinou?

“É verdade que o perigo existe, mas o mal jamais subsistirá enquanto houver um coração puro”


1) Quando você começou a escrever? E por quê?
— Escrever, mesmo que por mera diversão, foi um hábito que começou ainda na adolescência, e creio que não houve uma causa, um motivo que me levou a isso. É um desejo inato, uma vocação, uma espécie de tesão latente que você traz de berço, querendo ou não.

2) Quem mais te incentivou a ser escritor?
— Ninguém, especificamente. O simples hábito de ler, puro e simples, revelou-se em algo provocante para mim, que sempre me desafiou a desenvolver as minhas próprias ideias.

3) Descreva seu livro em uma frase.
— Instigante e imprevisível.

4) Quais são os autores(as) que mais te inspiram?
— Vários. De Lispector a Saint-Exupéry e Graciliano; de Machado a Ernest Hemingway e Victor Hugo... A lista é grande e cada um deles com sua respeitável colaboração.

5) Qual foi o livro que o ajudou a viver o mundo literário?
— A resposta a essa pergunta constitui-se num grande paradoxo. Veja: quem mais incendiou o meu gosto pela ficção foi uma história nada fictícia, uma produção post mortem, de autoria de uma garotinha que partiu cedo demais, sem nem imaginar que se tornaria tão importante para tanta gente. Refiro-me a O Diário de Anne Frank (complementado por: O Outro Lado do Diário, este, escrito por Miep Gies, a jovem que protegia Anne no Sótão). Eu era muito jovem e, até ali, eu desconhecia o real sentido da palavra Guerra. Anne foi quem apresentou-me a maldade humana e o que somos capazes de fazer contra nós mesmos. A leitura desse livro causou-me raiva e indignação, o que foi desaguar em criações literárias.

6) Em qual obra você se baseou para escrever seu livro?
— Isso não aconteceu. O leitor irá perceber que, embora alguns tópicos abordem temas atuais, a essência do romance não faz paralelos a livros de outros autores. Esmerei-me numa temática diferente. Uma nova maneira de enxergar a velha linha do horizonte.

7) Aposto que para chegar aonde você chegou, precisou vencer muitas barreiras. Qual foi a sua maior dificuldade quando se propôs a escrever o seu próprio livro?
— Maior dificuldade? Acredito que estou passando por ela agora. Se ainda não mencionei, embora escreva desde a adolescência, eu sou iniciante em produção literária em escala profissional, e aí é que surgem as implicações, pois entra em cena sua excelência, o leitor, razão e causa de tudo. Como agradá-lo sem perder a fidelidade ao texto original? Sem trair a si mesmo? Creio ser esse o maior desafio, e é exatamente nesse ponto da travessia que eu me encontro agora. Que Deus nos ajude! (risos).

8) Fale um pouco da emoção de ver sua obra nas mãos dos leitores, de sua história sendo discutida, apreciada ou até mesmo criticada.
— Imagine que o seu time está disputando a final do campeonato mundial. Estamos a dois minutos do fim, o jogo está zero a zero e o juiz acabou de marcar um pênalti a seu favor. O atacante vai cobrar. Você está em pé, respiração presa, coração a mil. Essa é a emoção nesse instante.

9) Fale um pouco sobre seu livro? Do que se trata?
Bom, antes de tudo, é uma aventura, na qual são apresentados três adolescentes, desprotegidos, vulneráveis e sob perseguição intensa, numa terra perigosa e inóspita. Os capítulos se encadeiam numa sequência completamente imprevisível. Contudo, o que mais instiga o leitor é a temática do enredo e os fatores externos que vão se desenrolando na sequência dos eventos, dando sentido a cada acontecimento.

10) Como é o seu processo criativo?
— Não há processo algum. Ou talvez haja, mas tem que ser naqueles termos do poeta Beneditino. Aquele, de quem nos fala Olavo Bilac, lembra? Ei-lo a seguir:

Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha e teima, e lima , e sofre, e sua!

Esse é o processo.

11) Você pretende seguir a carreira de escritor?
— Não pretendo. Já estou mergulhado nela, creio eu. E o nome é bastante sugestivo, pois é bem uma carreira mesmo. Pra uns, ladeira abaixo; pra outros, ladeira acima. Por enquanto, eu estou na planície, se é que me entendes (risos).

12) Qual o seu lugar favorito pra escrever?
— Os gregos diziam que, para se ter uma escola, era necessário apenas um professor, um aluno e uma pedra (que não era pra tacar na cabeça do professor, espero!). Bom, nunca me perguntaram isso antes, mas, pensando agora, eu digo que o melhor lugar para escrever é onde houver um pedaço de papel e uma caneta. Na ausência destes, ainda se pode improvisar. Uma tábua no lugar de papel, também serve e, como caneta, vale um pedaço de carvão, de gis, o batom da namorada, e por aí vai. Só não pode é perder a chance de anotar o que vem à mente, não obstante o lugar onde esteja.

13) Quando você escreve, já sabe qual será o desfecho da trama ou a história dita as regras e conduz você?
— A história, não. Os personagens, eu te digo. Não sei como funciona com os outros escritores, mas, no meu caso, são os personagens quem ditam as regras. Olhe, vou te contar: eles são tão #&*#$@%£*& que, muitas vezes, eles me levam a escrever coisas que eu nem havia pensado antes, ou a colocá-los em lugares e cenas que sequer tinham passado pela minha cabeça. Fala sério, meu! Os caras deitam e rolam.

14) Que livros estão na sua lista de preferidos?
— Na minha adolescência eu li O Colecionador, de John Fowles. Além da já mencionada tragédia de Anne Frank, esse livro também me deixou bastante perturbado. Passei vários dias sem esquecê-lo. A esses dois eu acrescento O Pequeno Príncipe, Os Miseráveis e O velho e o Mar. Todos lidos na minha infância, e todos muito importantes pra mim. Também tenho um particular fascínio pelos documentários de Zacharia Sitchin.

15) Você acha que é certo julgar um livro pela capa?
— Acho, sim. Certíssimo! Mas, só depois de lê-lo todinho (risos). Lendo o livro, o sujeito pode fazer o julgamento que quiser. Eu deixo. Tá autorizado, desde já.

16) Como você vê o mercado editorial brasileiro hoje?
— Estável, eu penso. Não vislumbro hipóteses de grandes alterações nas estatísticas, embora não há como negar a ameaça oriunda dos smartphones e seus derivados, senhores absolutos no entretenimento das pessoas de todas as faixas etárias hoje, em dia. Mesmo assim, eu aposto na insubstituível e incomparável magia do livro, e vejo essa ameaça mais como um desafio aos escritores.

17) Na sua visão, qual é a principal virtude de um escritor?
— Não praticar o que chamo de prostituição literária, que é produzir obras com foco exclusivo no lucro e no “ibope”. Tem gente por aí pesquisando para descobrir qual o tipo de produção literária, televisiva ou cinematográfica está dando mais lucro, para depois ir produzir obras com a mesma abordagem visando os dividendos e a fama,em detrimento da qualidade artística. A produção literária passa, em nossos dias, por uma mesmice tediosa e cansativa, e isso está sufocando a criação artística.

18) Que dica você pode deixar para quem deseja escrever?
— Faça igual o nosso amigo Beneditino, que: Trabalha e teima, e lima , e sofre, e sua! (do verbo suar, transpirar. Às vezes, pode rolar até umas lágrimas. Melhor ainda).




Bom, pessoal, por enquanto é isso. Espero que tenham gostado dessa entrevista tanto - ou mais - do que eu. César é uma pessoa incrível, além de um escritor fantástico. Logo mais postarei resenha do livro dele. 

Fiquem atentos!  

Comentários

  1. Instigante e imprevisível, gosto de livros assim. Ainda não conhecia o autor nem a sua obra, e já adicionei o livro no skoob. O trama do livro é diferente, não havia lido nada igual e espero gostar.
    Parabéns pela entrevista :D
    http://miiheomundoliterario.blogspot.com.br/

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    1. O livro é realmente incrível, tenho certeza de que irá gostar.
      E obrigado por nos visitar. o/

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